Rir pra não chorar?




Chocolate, café. Sandy e júnior. Clarice, no banco, na calçada, hora do almoço. Fumaria um cigarro e discutiria, com quem sentasse ao meu lado, sobre as questões que afligem, massacram, tendem ao não entendimento. Confundem, distribuem e jogam pro alto, feito chafariz, um monte de sentimentos pesados, doloridos, vindos da profundeza. Do fundo de um mar escuro. Onde não se conhece o que existe, porque ninguém de fato consegue se aprofundar. Em uma placa gigante, com o desenho de tubarão, estaria escrito: PERIGO. O que é ridículo e redundante, mas, necessário. Pra que se possa ver o que permeia. O que pode devorar, causar estrago. Devastar. Pode vir de onde você menos espera. E, talvez, não venha de um tubarão.

Sinto alívio e culpa, todas as segundas. Uma saudade que me tira pedaço. Ausência  que me tira o ar. Mas, a mesma ausência que sufoca, me dá movimento. Então rodo pratinhos, lido com o que machuca. Me convenço que ele ficará bem. Tento fazer o melhor. Errando absurdamente. Não to pronta. Não sei direito que caminho seguir. Mas dou beijo no dodói. Pego água na madrugada, mesmo puta por acordar no meio da noite, confisco lego na mochila da escola, lavo o uniforme, o quimono, toalha, lembro de colocar o tênis na mochila, corto a unha, canto música pra dormir, brigo porque não me obedece. Me assusto. Amo, mas não sei direito o que fazer. E me prometo: semana que vem será melhor. Será melhor!

Quero um quadro do Cartola na parede da sala. Um do Chico. Um show no meio da semana. Cerveja com as amigas. Feriado no sofá, paninho de tirar poeira, plantas e, talvez, bolo de cenoura. Pipoca é certeza. E mate, também. Quem sabe música boa, conversa jogada fora, promessa sendo feita e sal grosso na casa. Preciso trabalhar e escrever um e-mail enorme falando do medo que tenho em perder quem eu tanto amo. Do pavor dela cansar da minha vida louca, com altos e baixos e cheia de coisas pra sempre resolver. São 18 anos. Mas queria que fosse pra sempre. Mesmo sem saber direito como fazer. A ansiedade perturba. E esta impactando pra cacete no que acho que posso oferecer. Me recolho. Tento o tempo todo não errar. Piso em ovos. E vem sendo difícil. Será bem importante falar.

Dormir. Pra esquecer ou fugir do que não to dando conta. Que bosta! Quando isso vai passar? Quando terá um fim? Quando o sorriso será real e vai me iluminar? Essa fase ta demorando. Não gosto de ter pena de mim. De não ter esperanças, planos, expectativas. Desenho projetos. Penso em oportunidades. Acho lindo no mundo da imaginação. E durmo. Porque é difícil me mexer. Não quero mais. Não sei o que fazer. Espero a hora passar. Não quero beber. Ainda dói. Mas vou comprar um flor. E torcer pro tempo ser o senhor de todas as coisas. E me levar pela mão.

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