Você foi o Meu Quase amor
Sufoca. Falta o ar. É lágrima em abraço de amiga, no metrô. Que
entender as expectativas que a gente cria e deposita no outro, é trabalho
árduo. E o resultado é avassalador. Porque machuca. Tira pedaço. Faz com que
acreditemos cada vez menos. Traz desesperança. Buraco no peito. Olhar opaco. Vontades
nulas. E o rastejar de falta de forças. A gente pede uma mão estendida. Um colo
pra chorar. Até colocar pra fora tudo o que nem vodka consegue amansar. É bicho
selvagem revirando o peito por dentro. Deixando no escuro. Derrubando pontes. Ou,
construindo grades. O impacto na água é mortal. E sabemos sempre o perigo ao
pular.
Agulhas espetam o corpo todo. Suor escorre pela nuca. Não enxergamos
o óbvio. Criamos histórias e finais felizes. Uma ilusão sombria e
desnecessária. Que final feliz não existe. Só caminhos que você pode seguir.
Pegando atalhos ou não. Sendo covarde, corajoso, teimoso e, uma horda de possíveis
comportamentos escritos no livro das verdades absolutas. E eu tenho raiva de
verdades absolutas. Mesmo dizendo que com significado é muito melhor. Tenho raiva
do que significados podem trazer na mala azul de bolinha que comprei em um
outlet anos atrás.
Coloco ban-daid no machucado da perna. Lembro que tenho que
cortar a unha. Não sei se tenho mais pó de café. Ligo pra minha mãe. Odeio a
proximidade do Natal. Tenho a certeza de sempre estragar tudo. Mesmo que esse
tal tudo, em muito dos casos, não dependa de mim. Eu devo ter feito algo
errado, né? Quem mudou fui eu. Quem trocou o foco pro deserto, hein? Pois o
tanque esvaziou e não sei mais de onde tirar o que pro outro é fundamental. Não
tem mais nada aqui. Ta vazio. Tem eco. Não ouço nada. Só o desejo de que tudo
volte ao normal. E haja preenchimento e possibilidades futuras. Amor se escreve
em braile. E eu nunca saberei ler.
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