Pra deixar registrado e ler no futuro.



Meu ano novo tem uma nova data desde o ano passado.  Ao invés de virar o ciclo com fogos, branco e pé na areia, foram as malas, choro, chuva e uma agonia enorme de não saber o futuro que me fizeram companhia. Sai de Lisboa com o coração tão apertado. Tão infeliz. Tão desesperada.  Ninguém jamais terá ideia do quanto esse sonho era importante. E do quanto me senti despedaçada. Não tem como mensurar. Não tem. Então, no caminho pro aeroporto, olhando pela janela, vi um outdoor. Nele estava escrito: O FUTURO É INCRÍVEL. E foi tão impactante. Me senti em um filme, daqueles onde a mocinha injustiçada tem um vislumbre do que vai acontecer lá na frente. Em um lugar onde ela ainda não sabe que vai chegar, mas que a gente imagina, já que sempre tem final feliz e pipoca, nas grandes estórias.

O recomeço foi dolorido e dilacerante. Tanta dor. Tanta coisa pra digerir e ao mesmo tempo, ter que passar por cima pra seguir e reconstruir o que era necessário. Que as vezes nem tempo de desabar eu tive. Foram dias, noites e sentimentos exaustivos. Experiências que me fizeram outra pessoa. Que me deram outra bagagem. Que trouxeram à tona alguém que eu ainda não conhecia. Navegar era preciso. Cuidar de mim, dos sentimentos doloridos do meu filho, da adaptação a nova rotina, das nossas dores, da casa nova, da falta, de tudo que tinha sido construído sendo jogado no ralo, sem nenhum sentido. A não ser, o que Deus escreve pra gente e a gente, só depois, consegue ver.

Eu tive muito, muito apoio. E ainda tenho. Na minha casa, tem liquidificador de quem mora em Buenos Aires, fogão de quem esta de casa nova, porta retrato de quem voltou da Alemanha, sofá de quem mora em Copacabana, cabide de amiga querida, planta de outra que me acompanha a anos. Um pedaço de energia de tanta gente, que nem dá pra listar. E é nesse amor que minha vida se reconstruiu. Nesse rede de acolhimento que eu me baseio pra buscar esse reequilíbrio e essa nova oportunidade que me foi dada em meio ao caos. Porque apesar de não sabemos o motivo das coisas acontecerem, saber que temos com quem contar, faz uma diferença tão grande, mas tão grande.

Em 2018 fui acolhida de forma linda e profunda pelas mães da creche do meu filho. Um núcleo de mulheres completamente diferentes, mas dispostas a fazerem os filhos crescerem amigos, as mães serem respeitadas em suas escolhas e o aprendizado permear todo o processo. Thais, Jurema, Joyce, Debora, Vivi... Muito, muito obrigada. Meu filho é mais feliz por causa de vocês. Eu sou mais feliz por causa de vocês. Eu jamais esquecerei. Que brindemos esse encontro sempre.

Como mãe solo, essa mulherada que mata um leão por dia, também veio pro meu ciclo de amizade. E é tanta mulher foda, com vidas distintas e ensinamentos gigantescos, que não tenho como não crescer ao lado delas. É Eita atrás de Eita. E isso não tem preço. Tati, Bia, Patricia, minha vida sem vocês seria uma bosta. Obrigada por toda troca, nudes (oi? Rs), análise se signos, vinho e afins... vocês são incríveis.

Os amigos antigos, muito antigos e mais recentes, também estiveram e estão comigo. Em DR´s enormes no Whatsapp, festinha das crianças, um cinema ou banco de praça, encontros na minha casa (Surubinha, não sei mais viver sem), marmitas que lotam meu congelador, festa surpresa de aniversário, suporte, colo, conselhos (que não sigo nenhum. Me amem ainda, por favor), grana pra pagar a luz, que as vezes não tenho, paciência com o meu comportamento as vezes confuso. Ou com meu humor bobo e debochado. As bijoux que são levadas pro trabalho pra fazer fluir o que ainda não sei desaguar. São tantas pessoas, tantas.
laila, Liz, Marcelle, Cris, Lyvia, Mylena, Mariana .... Obrigada. Eu sei que vocês serão sempre casa. De portas abertas. A reciprocidade também em casa aqui.

Nesse novo ano também teve o Jiu Jitsu. Eu tenho medo dele. Mesmo sendo um refúgio que é fundamental pro meu reequilíbrio, eu tenho medo. E vou contar, em quase todos os treinos eu dou risada. Rio nas quedas, nas coisas erradas que faço. Na minha falta de coordenação. Que rir é um jeito de levar com leveza o que me amedronta. Eu já cai demais. E em cada queda, meu coração dispara. E tô aqui chorando escrevendo essa merda. Que admitir fragilidade é complicado, né? Então, Maurício, saiba que não é falta de respeito e nem de vontade ou coragem. Pelo contrário. É a minha forma de enfrentar o que ainda tem de dor e escuridão aqui dentro. E a cada aula, fica mais leve e distante. Carla e Marcia. OBRIGADA. Não dá pra mensurar a importância. Não dá.

Nesse processo todo, temos a minha mãe. Depois de 20 anos morando longe uma da outra, ela esta de volta. Nesse furacão todo, em todos, nas verdade, ela sempre esteve junto. Minha mãe sempre foi muito, muito presente. Sempre acompanhou tudo na minha vida (menos as coisas muito ruins, que eu nunca contava, rss). Sempre participou como pode. Construindo a vida dela em um canto enquanto eu construía a minha no outro. E esse reencontro é mais um caminho que seguiremos juntas. Com ajustes, reconexões, arestas sendo aparadas, cumplicidade sendo reconstruída. Porque sei que sou muito maravilhosa com meus amigos (cof cof cof), mas com ela sou difícil pra cacete. E haja paciência por parte dela pra lidar com quem ela sabe que sou. Que inclusive, vem de quem ela é. Um fruto não cai longe do pé. Rs. Mas olha, obrigada pelo retorno. Por me dar a oportunidade de conviver com você de novo. Por dar a oportunidade do Lilinho te fazer cosquinha. De comer todas as suas comidas gostosas. De construir lembranças e ter seu abraço. Que é o melhor que já tive na vida. Eu te amo.
Tia Tercia, você também <3

Cara, esse 2018, que eu sei que ainda não acabou, foi um ano muito intenso. Vivi tanta, mas tanta coisa. Tanta coisa. Que afe Maria. Hahahahahaha
Já acabou? Mas não posso reclamar. Cresci pra cacete. Aprendi pra caramba. Tive uma avalanche de gente maravilhosa entrando na minha vida. Minhas contas (quase todas. Rs), foram pagas. Comprei uma cafeteira, tenho uma mesa amarela, virei a tia das plantas, conheci músicas novas, fui feliz em SP, abracei filhotes de cachorrinhos fofos, vi meu filho crescendo e virando um rapazinho muito bacana, construí uma relação respeitosa com o pai dele, dei uns beijos na boca interessantes e outros que DEUS ME LIVRE (eu tinha que falar de mozão, senão não teria graça. Hahahahah), virei a rainha dos nudes (ESSA PARTE É MENTIRA, TÁ?), não deixei de ser leve, engraçada, e buscar ser feliz. Mesmo com tudo, sabe? Que ser feliz é o pacto que tenho comigo mesma. E ter todos vocês comigo nesse caminho, é uma HONRA.

Muito obrigada por esse ano. E que venham muitos outros. Juntos. Seguindo em frente. Mesmo que seja difícil.
NINGUÉM SOLTA A MÃO DE NINGUÉM.
Um feliz ano novo pra nós.


E se não citei seu nome, nesse TEXTÃO, agradeça. Que é coisa demais pra ler, né?
Ainda assim, você é importante pra mim. Obrigada. Tenho a sorte de ter gente demais ao meu redor.
Que sorte!




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