É recalque, sim!

Cara, começar um texto, assim, sem nenhuma formalidade, pode e deve ser visto como forma de libertar os “troço tudo que tão entalado”, não é?

Diz que sim? Porque os troço tão tudo entalado aqui. E se eu não lidar com eles, expurgar, colocar pra fora, não terá gripe fudida que dará jeito. Vou expelir o pulmão, ficar sem nariz, e nada vai resolver. Porque a gente precisa jogar tudo na fogueira, e que não sejam as pessoas, bruxas, ou livros, por favor. Na fogueira da vaidade, já tem gente demais dançando e perpetuando o que não vale nem lembrar.

Escrevi pra um amigo hoje. Pedi: “ por favor, posso ir pra sua casa pra sumir um pouco daqui? Pra fugir, ficar no mato, me esconder?” E recebi vídeo de café quentinho com pão. Um sonoro: vem logo que te dou a mão. E aquele acolhimento que é terreno fértil pra semear amor. Então, ainda não sei como e quando, eu vou. Pra ouvir passarinhos. Tirar foto da horta. Falar, falar, falar, falar até desaparecer, e correr feito boba, junto a um cachorro enorme e de língua azul. Espero que os mosquitos não me devorem. Que gafanhotos não me encontrem. E que o ônibus me deixe perto. Que eu tenho medo até da possível felicidade.

Eu tô muito, muito puta por ter acreditado. Mas, tô muito feliz por saber que ainda acredito. E sinto muito. Por todas as dores. Por todo o medo. Por toda fuga. Por toda forma que você encontra pra não se relacionar. Pelas frutas não comidas, mulheres que te tem na lista de: “Eu odeio você”. Porque você faz tudo pra não ficar. Faz tudo para que não fiquem. Você acha que não merece. Apesar de achar que sim, um dia também acreditarei que não. Ou continuarei sentindo muito por você. Que é só vazio ao redor. Aquele que poderia ter muita cor, gente feliz e, quem sabe, seus sonhos realizados. Você tem medo de ser feliz. Que pena.

Pode parecer dor de cotovelo. Recalque. Mágoa. Ah, cara. É tudo junto. Acredite. Eu tô num recalque ferrado. Numa raiva ferrada. Num processo de odiar você com força. Mas, ao mesmo tempo, sentir muito, muito mesmo, por tudo. Porque sou muito maravilhosa. Sou muito do bem. E você ta perdendo alguém incrível. O QUE É UMA PENA, PORRA! Mas, hoje, depois da faxina, vou me divertir. Por mim, por você e por todas as promessas não cumpridas. Que eu mereço ter mais. Nem que seja em um copo de vinho, viu? Tem na geladeira. As meninas deixaram pra mim. Então, depois de catar os legos, os cacos no chão, as lagrimas em todos os lenços da casa, eu vou me divertir. Por mim, e por você. Porque eu mereço ser coroada rainha de mim.