Como você pode ser tão idiota assim?

Acontece. Assim do nada. Você respira e fim. Acabou. Inexistiu. Findou. Não dói mais. É só vazio e falta de vontade. Você não liga. Não faz questão.

E mesmo que pareça que foi assim, como sopro de vento ligeiro, que as coisas se foram, na verdade, não. Houve o antes. Teve o choro dolorido na hora de dormir. A falta de cuidado. A pontada no peito de decepção. A despedida diária do que se sentiu. A música tocada no meio do trabalho. O não entendimento do comportamento inadequado. A vontade de ligar e falar: “ eu te dei meu coração. Como você pode ser tão idiota assim?”.

Você escreve e-mails e não manda. Desabafa por meia hora, falando as mesmas coisas, para as mesmas pessoas, pelo menos cinco vezes ao dia. E elas aguentam. Ouvem. Ajudam. Concordam. Te pedem pra respirar. Oferecem a mão. Perguntam se você comeu. Marcam e esquecem de ir te ver. Que a vida de todo mundo gira. E a gente as vezes esquece de fechar a geladeira, depois do copo de água, no meio da solidão. Natural, feito mato alto em canteiro florido, é saber que coragem é pesada quando não se tem outra opção.

Confesso que não aguento mais mudar tudo em tão pouco tempo. 365 dias. Aniversariou. Eu mudei. Voltei. Mudei. Voltei. E o que sou, apesar de ser maior, me deixa sem saber se o caminho é seguro. Se tem luz em algum lugar. Se a força precisa de espinafre ou série da Netflix pra se restabelecer. Que eu peço ajuda, desesperada, pra todo mundo. Porque preciso me manter sã. Resolver o que já acho que esta definido. E pensar no meu coração fora do peito. Que é por quem faço todas as concessões. Ele amou o chinelo novo. E levou pra escola. Tão bom.

Comprei jujuba. Almocei no shopping. Levei o livro, doce ilusão. O celular foi companheiro. Era ferramenta. Era meio. Respondi. Enviei. Recebi. Que a busca é incessante e precisa de resposta. Pois deixar no limbo é maldade torpe. Equilibrar na corda bamba em tempestade de raio. Não tem lua. Não é possível ver. Eu quis tanto você. E sinto muito por ter tido o não. Meu sentimento é ouro. Tenho muito medo. Receio e anseio. Que é pra rimar feito lima. Que corta tudo pela raiz. Assim, não me visto de esperança e sigo em frente, caçando Louva Deus. Cada um sabe qual é o “seu” Dragão.