Choveu todo o amor que eu queria te dar.



Dez horas da manhã. Três copos de café. A unha vermelha esta descascando. Pintei com pressa.  Vida normal batendo na porta. A praia na hora do almoço. A porta da escada de incêndio, que sempre me lembrará a ligação que te fiz pra combinar a compra da passagem. Que a gente não estava aguentando mais toda ansiedade. Queria ouvir cigarras. Mas não sei se alguma coisa será como antes. Porque parece que quebrou. E não sei se foi pra ter brecha pro amor entrar ou, se foi caco espalhado no chão claro, que é chato pra limpar e combina com cadeira amarela, e canto pra sentar.

Eu já sinto saudade do que se construiu. E me despeço a cada novo segundo do que poderia ser mas não foi. O controle remoto não me pertence. E a instabilidade me faz mal. Porque amar deve e precisa ser leve. Ser real. Sem escudos. Sem defesa que magoa. Com acolhimento do que machuca. Gentileza e abraço apertado. Pão doce de manhã. Paciência. Querer. E orgulho, daqueles que você olha pro outro e diz: “ nossa, como é incrível estar com você”. Porque eu já uso termos seus. E quero colocar um sofá na sua sala, com tapete felpudo e almofadas. Pra ter cara de acolhimento. Pra você ter onde dormir, em dia que precisar de abraço. Pra chorar... longe do chuveiro.

Mas não sei se tenho forças. Que o meu tanque esvaziou. E fechei as portas pra novas possibilidades. Não tenho mais coragem. Pelo menos agora, pra lidar com um novo mundo. Um universo a ser descoberto. A não ser o meu. Do que ainda não conheço dentro de mim. E quietude é caminho pra seguir adiante. Sentindo com calma. Sentido com intensidade. Sentido à vida que me força sempre escolher direção. Que sem sentido não tem graça. E o misto quente da padaria era delicioso. Tem farinha de kibe lá. Você precisa aprender. E comer o abacaxi. Estraga rápido. Feito relações mal cuidadas. O gosto amarga no final. Mesmo que você resolva, de última hora, que aquilo é bom pra você. 

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