O que pra você é amor?
"Precisamos nos responsabilizar pela nossa felicidade de forma autônoma. Nos conhecendo. E como seres maduros, adultos, a gente vai dar liberdade pras pessoas serem o que elas são. O que elas podem ser. Isso é amor".
Conheci as músicas da Flora Matos ontem. E assim que escutei
esse trecho em uma delas, a sensação que tive foi a de que o meu mundo saiu de
órbita. Deu uma mexida em todas as esferas. Bagunçou e tirou tudo do lugar. Fiquei
tão absolutamente impactada que o resto do dia foi pra tentar digerir o que eu
tinha acabado de ouvir.
Como nos responsabilizar pela nossa felicidade de forma
autônoma? Como aprender a ser uno? Como lidar com o que nos é vendido no “lance”
de ser par? Acho que é tão complexo. Porque a gente se encaixa e aceita esse
modelo. E busca pelo par perfeito, príncipe (ou princesa), encantado, tampa da
panela, chinelo velho... ô, dá pra procurar coisa pra caramba por ai. Mas e ai?
São várias as questões. Nos conhecer é uma delas. Que o
olhar que temos conosco quase nunca é leve, suave, amoroso. Existe carência,
experiências na infância, adolescência e até vida adulta, que nos moldam e
brincam de equilibrar pratinhos com as nossas emoções. Nos conhecer, aceitar,
lidar bem com quem somos, deveria ser obrigatório nesse caminho de vida. Mas é
fácil? Dá pra fazer assim de um dia pro outro? Acontece no intervalo entre o
filme e a pipoca?
Quando nos relacionamos, levamos pro outro o que nos sobra e
o que nos falta. E nesse contexto, um mundo de anseios, desejos, medos e buscas
esta inserido. A busca por suprir ausências. O medo de repetir padrões. A
vontade de realizar sonhos em conjunto. São muitas as projeções. Projeções
nossas, do outro, de ambos. Tudo em uma mega salada de frutas que vai saber se
cabe colocar leite condensado em cima ou não.
Bom, e se a gente não se conhece o suficiente e não aceita
direito quem é. E se o outro não se conhece direito e não aceita quem é. E se o
que é certo pra um, não é certo pro outro. E quando o que a gente espera do outro
não é o que ele pode te dar? Como aceitar pra que seja amor? Como dar liberdade
para que seja amor? Porque o amor tem várias descrições, formas, condições,
vertentes... Então como digerir? Que as vezes eu acho que o amor é de comer. Inclusive, já
lidei com ele muitas vezes com sendo de comer. Quem nunca?
Tem quem lide como sendo orgasmos diários. A volúpia. A
busca sexual incessante. Tem quem busque na comida, nos livros, na cabeça cheia
o tempo todo. Quem busque nos exercícios físicos, na bebida, na exaustão, nas várias relações simultâneas. Que o amor é o lugar onde queremos
chegar. A questão é: e o caminho?
A grande questão pra mim é? Como ser adulto? O que é ser
maduro? O que é dar liberdade pro outro pra que ele seja quem é? Como lidar com
a liberdade do outro sem se ferir? Como ser livre sem ferir? Como é ter asas e
dar asas pra que voem e voltem pra você? É o caminho ou local de chegada?
São escolhas. E como toda escolha, vem o boleto no final pra
pagar. Quanto será que custa?
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