Existimos. A que será que se destina?
Enquanto ouço Caetano, penso: A que será que me destino? É
de lembrança que vivo. De cada passo
dado até aqui. Dos dias quentes e úmidos. Do pé de manga, que quebrava as telhas
com o vendaval. Das idas sozinha pra escola. Das mudanças, e das promessas de
dias mais prósperos e bons. O que é próspero e bom? Critérios são individuais e
dançam na corda bamba da desilusão, meu amor.
Caminhos. Direções equivocadas. Festa americana. Viagem de
fim de semana. Sangria na calçada com a amiga. O poodle que dormia em cima de
mim. A conta de luz que tinha que correr pra pagar, pra não cortar. A segunda
chamada do vestibular, que perdi. A redação do jornal. O sofrimento da
distância. A resignação. O retorno. O recomeço. O telefonema no meio da noite.
Um dia de cada vez.
Que o futuro é um amanhã que ainda não chegou. E reserva
surpresas tão incríveis, e tão perigosas, que você joga a carta na mesa e tem
medo de virar. Vai saber o que te espera ali, não é? Mas já que você virou,
descobre que a carta que rege seu ano é o louco. E entende.
Eu me destino a
caminhar por abismos. A ter sempre um guardião, um guia. A ter mãos amigas
estendidas. A tomar decisões em meio a vendavais. A ser repleta de emoção. Correr pra pegar o ônibus. Não saber se darei conta, e ainda assim, seguir. Sendo grata. Sendo feliz, da forma que conseguir. Sendo leve, quando der. Sendo profunda, sempre. E sendo a melhor versão que consigo de mim. Se é que dá pra ser. As vezes é gelo puro. Sem vodka. a garganta fecha e não dá pra beber.
Comentários
Postar um comentário