A balança que eu aprendo, todos os dias, a usar


“Com você é oito ou oitenta. Não tem meio termo, não é?”

Não, não é. Não é mais. Que fique claro. Pois já foi. Já foi!
Equilibrar a balança me custou um sofrimento do caralho. Daqueles que a gente bebe com café, de manhã, dorme abraçado, no travesseiro molhado, de tanto chorar. E leva pra todo lado, inclusive, dentro de todas as relações. Independente de quais sejam. Independente das que sobrem.

Eu batia no peito, com orgulho, ao dizer que equilíbrio era algo que eu não tinha. Que se eu queria, me interessava, escolhia algo, ia com toda sede possível. Me jogava. Não tinha medo do mergulho. Eu sabia nadar.  Mas... a maturidade, essa moça sabia,  serve pra gente entender qual dor é válida e qual não é.
No mínimo, né? Que o mínimo é pouco, eu sei, mas já é corda pra segurar. Já é possibilidade de crescimento e aprendizado. É o início, o começo, mesmo que ínfimo.

Ainda tem muito de oito ou oitenta em mim. É a essência do que sou. Da ausência de medo, ou melhor, da coragem de ir com. Da vontade de realizar. Do desejo de ser feliz com gosto de fruta na boca. Do querer pular. Vamos? Sim, vamos! Que o tempo passa, a vida corre forte em cachoeira gelada e o tempo, esse bobo e cheio de travessuras, te engana num piscar de olhos e quando você vê (ainda que seja redundante), passou.

Eu assustei muita gente. E ainda assusto. Porque a força e a facilidade de realizar é algo que petrifica. Ela vem de dentro. Ela é a pedra que volta do fundo do poço. E nesse lugar, que as vezes pode ser escuro e sombrio, ninguém quer chegar. Água cristalina brilha, mas fundo do mar tem vida pura, intocada, em mutação. É mais raro, viu? Mais raro pegar essas conchinhas que a onda insiste em levar.

E é lá que eu gosto de estar. Sendo oito, oitenta, meio termo, equilíbrio, corredeira, um medo da porra de felicidade fácil, apesar de ser busca, e gibi com estórias do Batman. Mas eu prefiro o Homem de Ferro, viu? Ele é espelho e tem uma cara de safado que me derruba. Desculpa, ta? Mocinhos não tem vez no meu coração. E dedo podre faz parte das minhas escolhas. Inclusive, ao escolher os mares aonde mergulhar.



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