Não desfaz o match
Houve
uma revolução?
Essa
é a pergunta que ninguém sabe direito como responder. Porque tem purpurina, e
amor livre, aos quatro cantos do País. Parece carnaval de música brega. Emilio,
que canta forte e grave: “Era só isso que eu queria na vida, uma cerveja, uma
ilusão atrevida” enquanto, fantasiados de cisnes, bailarinas, telas touch e
cones de trânsito, milhares de pessoas bailam, cantam e vagam pelas ruas, nuas,
cruas, pulsantes.
São
corpos sedentos. Dispostos na prateleira digital de gostos. Que em pouco,
tentam dizer, querem, precisam, ser. Pra serem aceitos. Pra fuder sem
compromisso numa segunda a tarde. Pra curar um fim de amor, daqueles que
machucam com a ausência repentina. Ou, pra quem sabe, encontrar o que falta e
nem sempre se sabe o que é. Buracos negros existem em todas as estações de
metrô. É só querer ver.
Olá,
tudo bem? De onde você fala? Me dá seu whatsapp? Você é gostosa, viu? Olha meu
pau. Não se apega. Estou focada em outra coisa no momento. Nunca vi esse filme.
O que significa intrínseco? Opa, você gosta das mesmas coisas que eu. Ah, eu
também adoro café. Jura que nós estudamos no mesmo colégio e nunca nos
cruzamos? Sim, vou com você pra Ubatuba. Não, não gosto de coisa rasa. Sou
intenso, me entrego e quero com vontade.
Eita, ela sumiu. Do nada, sumiu!
Não
desfaz o match. Era o que estava escrito em cartazes, faixas, peitos, muros e
até neon. Não me deixa acreditar que é possível, sem que de fato seja. Me deixa
dançar no muro do amor. Se joga nas possibilidades e incertezas. Vem comigo
escrever poesia. Ouvir Djavan. Ver Netflix. Revolucionar, amor.
Não
desfaz o Match. Eu sempre acho que o problema sou eu.
Era
pra ser divertido. Até pode ser!
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