As vezes o amor nos alcança. As vezes, não!

Esse texto não é meu. Porque não tenho conseguido "falar". 

Logo eu, que falo pelo olhar, pelo toque, pelas pequenas coisas. 

Mas é um texto tão incrível, mas tão incrível, que me fez chorar. 

Que chegue. E que fique. Que fique!

Às vezes o amor nos alcança. Às vezes, não.
Na maior parte do tempo, à maior parte das vidas, o amor não chega.
Você e eu conhecemos uma porção de histórias, uma porção de pessoas, uma porção de existências não tocadas pelo amor.
Porque às vezes o amor nos alcança. Às vezes, não.
Porque não estamos prontos, porque não conseguimos enxergar, porque não queremos enxergar, porque temos pressa, dentista às três e meia, medo. Medo.
Porque é muito cedo, porque é tarde demais. Porque não era essa pessoa, porque sua família não gosta dela, porque ele é casado, porque ela é noiva de um coronel.
Às vezes o amor nos alcança. Às vezes, não.
Na maior parte do tempo, na maior parte das histórias, o amor não se manifesta.
Às vezes o que nos alcança é o temor, ou a raiva, ou a indecisão. Ou alguma coisa que não é amor.
Quando o amor nos alcança, quando finalmente o amor nos alcança e nos envolve e nos escolhe, quando conseguimos abrir os olhos e reconhecê-lo (o amor precisa ser reconhecido), todas as coisas, todas, os montes de roupas sem dobrar, os móveis nos lugares errados, os compromissos inadiáveis, o trabalho cujo prazo é matador, o tapete com a ponta virada, o taco que range, todas as coisas que nos separam do amor têm de ser postas de lado.
A vida é outra quando o amor nos alcança. O tempo fica menor, as frases, maiores.
É preciso coragem. É preciso um grito. É preciso que se sacuda a canoa quando o amor nos alcança.
Foi o Michelangelo que disse que do mármore ele tirava tudo o que não era escultura? Talvez devamos, você e eu, tirar de nossas vidas tudo o que não for amor. Tudo que atravanca o caminho, o que impede a visão, o que bloqueia a ação.
Porque às vezes o amor nos alcança. Às vezes, não.

Fal Azevedo!