Santo Antônio, meu amor, bora ensinar os outros sobre cuidado?


Hoje é dia de Santo Antônio.  Aquele santo maroto que, coitado, vive em enrascadas por causa do amor - ou da falta dele, que é o que geralmente ocorre.

Eu sempre gostei desse cara. Sempre!
E pra falar dele, eu preciso falar de outra coisa.

Eu tenho família grande. De ambos os lados: pai e mãe.
Por parte de pai, todo mundo está meio junto. De mãe, espalhados pelo mundo inteiro.
E como fui criada pela minha mãe, é nessa pegada que a gente sempre viveu.

Não moramos juntas desde os meus 21 anos. E, por isso, já que a família no Rio era pequena, fiz dos meus amigos, também família.
Sempre foi um tal de Natal na casa de um, almoço de páscoa na casa de outro e assim por diante.
E ganhei avós, tios e tias, primos... Uma leva de gente incrível e com o coração enorme, que sempre me acolheu.

Os avós emprestados eram muito especiais. Acompanhavam minha vida de perto. Ligavam pra dar os parabéns no aniversário. Torciam a cada conquista. Aconselhavam a cada derrota. E, tenho certeza absoluta, me amavam como uma neta. Da mesma maneira que eu os amava infinitamente.
Eles, que eram católicos (ela, com um pezinho nas “miragens” que via em casa), tinham o Santo Antônio como padroeiro do casamento.
Por isso, duas imagens do santo eram companheiras da trajetória do casal. A que eles se casaram, e outra, de comemoração de 50 anos de casamento, que foi a que eu herdei e guardo com muito, muito amor.

E porque estou falando sobre isso? Porque pra falar de amor, Santo Antônio e afins, é preciso falar sobre responsabilidade afetiva.
Sobre a sua parte na responsabilidade do que você mostra e entrega pro outro. Do que você promete. Do que você faz o outro acreditar.
Porque ninguém embarca em uma relação, seja ela como for, sozinha (o).  Ninguém!
Palavras são ditas, atitudes tomadas, planos feitos. Mesmo que sejam planos pro dia seguinte. Atitudes que não vão até a semana que vem.
Leve, efêmero, sútil. Tudo bem. Mas a ação esta ali. A energia esta ali. O outro ESTA ali. E se preocupar com isso, é tão fundamental e íntegro, que deveria ser regra, não é?

Depois que me separei, conheci um cara muito legal. Ele é hoje um amigo muito querido, que divide as coisas da vida, me dá bronca, me fala da dor na lombar (que apesar de novo, ele é um velho. Rs). Mas, quando nos conhecemos, ele me disse: “ quero sair com você, mas não quero me envolver”. Simples, claro, objetivo e sincero. E a escolha era minha. Era: quero me divertir com esse cara ótimo e gatinho, ou: quero me envolver com alguém, e o que ele tem pra me oferecer não me basta. E fizemos, os dois, a nossa escolha.

Óbvio que as vezes você quer uma coisa, mas no meio do caminho tudo muda. Sua vontade muda. Os caminhos mudam. É natural migues.
Mas, se posicionar, colocar o outro a par, ser sincero (a), e não deixar o outro perdido é de uma maturidade incrível. De uma gentileza, de um cuidado, enfim... de um comportamento pouco visto por ai. E olha que eu tenho visto tanta coisa acontecer. Que a velocidade das coisas é trilho desgovernado, acredite.

E pra que eu disse tudo isso? Pra dizer que hoje eu amaria estar em Lisboa, na festa do meu santo preferido (desculpa São José. Você é o vice). Andando pelas ruas lotadas e comendo sardinha. Que adoraria estar na igreja linda (que fez meu coração bater forte com a missa em italiano, que por acaso, aconteceu quando entrei), rezando e pedindo um amor real, com defeitos, virtudes e permanência. Leve, simples, de sorrisos, anseios, sonhos e pertencimento. E pra dizer que cuidar do outro é cuidar do que você acredita. Cuidar do que é nobre em você. E eu cuido. Pode apostar.  


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