Será? Fica, tem bolo!



Acordei com vontade de bolo.
E comprei da menina que vendia na porta do metrô.
Bolo de chocolate, de baunilha e café. Era o que ela vendia.
Dois reais, viu? Um pedação de bolo que faria inveja ao meu filho, que só não come pedra porque não dá.

Fui mordiscando aos pouquinhos, durante o dia, pra ter coisa boa na qual me focar. Que aqui era só vazio, buraco e eco.
O bolo era fofinho, molinho. Com gosto de amor pelo que se faz e trabalho honesto, coisa que não deveria envergonhar ninguém.
Estava tão bem embrulhadinho e o preço era tão honesto, que me arrependi de não ter comprado, pelo menos, mais um. Que era pra ela vender tudo e ir logo pra casa, sonhar os sonhos que ela deve ter, e merece realizar.

Escuto aquela musiquinha doce, com sotaque de Recife, que eu amo tem tanto tempo, que nem sei.
E me imagino no meio daquelas ruas, com companhia forte e decidida. Daquelas que tem uma intensidade linda e que vivem todas as dores de amor. (Que dedo podre a gente tem igual, ou não. A culpa não é nossa, viu?).  Até que o amor se faça presente. Se faça decente. Se faça amor de verdade. Se assim tiver que ser.

Vem me dar a mão, Ana? Que te abraço forte e piso no pé de quem precisar, podes apostar.

Eu ando desacreditada. Achando que não tem luz no fim do túnel. Me perco nas convenções e me afundo em dúvidas que são, com certeza, completamente infundadas. Fundo do poço serve pra dar impulso, não é o que dizem?
Seria melhor não precisar cair!

Então penso que cada pessoa que passa pela nossa vida nos dá alguma coisa.
O carinha que gostava de me ver comendo (e era muito engraçado), me trouxe uma música nova que amei. O outro, que já virou amigo, e de quem peço sempre notícias da tia que esta doente, ajustou meu aquecedor e me fez tomar banho quente. Merece ou não merece meu eterno amor?

Vou acumulando. Pairando nessa confusão louca de relacionamentos líquidos. Até que seja sólido. Seja o bastante. E que eu volte a acreditar.
Será?


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