Eu sou uma farsa. Ou tem dias que são difíceis de sentir.



Eu não sei fazer feijão.

Duas amigas já me mandaram áudios detalhados. Meu ex marido escreveu passo a passo, pacientemente, no whatsapp. A minha vizinha quase desenhou. E sei que se eu perguntasse pra minha mãe, ela me faria aprender com louvor.  Ainda assim, não sei fazer feijão.

Nunca sei ao certo o quanto meu filho calça. E a madrinha, ao voltar com um tênis novo pra ele do shopping, me indagou: " por que ele esta usando esse tênis enorme?".

PORQUE CABE!

Resolvi que era hora de começar a aprender violão.
Bora realizar sonhos? Confetes caindo do céu. Sorrisos e: bora realizar sonhos?
Achei tão difícil que tô começando o processo de me sabotar pra não continuar.  Bora realizar sonhos? hahahahahahaaha

Comprei dois sapatos lindos na liquidação. Pechincha, querida amiga. Daquelas na casa de trinta reais. Eram pra ir trabalhar. Estão lá, sem eu nem encostar.

Estou com um livro na bolsa. Aliás, sempre tenho livro na bolsa. E sabia que ele acabaria antes da minha chegada ao trabalho. Não trouxe outro. Então veio o pânico, porque o que resta agora é ser obrigada a olhar pra mim.  Hoje não quero olhar pra mim!

Não sei receber elogio. Inclusive, o livro fala também sobre isso (aquele livro que ta na bolsa e que acabou antes da hora que deveria acabar), sobre a gente não aceitar o que de bom temos em nós.
E toda vez que recebo um elogio sobre algo que escrevi, agradeço e digo que não foi nada demais. Que quem esta me elogiando é que tem um olhar lindo. Que o gostar foi um resultado do que ela viu, e não do que escrevi. Mudo o assunto, mudo o foco e me escondo. Porque acho que sou uma farsa. Não sou boa o suficiente em alguma coisa, lembra?

Meu cabelo ta manchado. Tem mais de um mês. E vai continuar. Eu não quero nem saber!

O Hamster não virá. E o trauma de não ter um animal de estimação na infância terá que ser curado com livros, cafuné e amor. Não tem jeito, meu filho. Eu não vou trocar palha e sei lá mais o que de uma gaiola, de dois em dois dias. Mesmo com todo o amor que sinto por você. Não vai rolar!

Eu tenho a praia. Eu tenho o mar. E por 45 minutos, em dias específicos e não muito quentes, é lá que vou caminhar, chorar e desaguar o não amor. E que bom que são duas quadras. Ainda bem que são só duas quadras.

Não tenho conseguido dormir. Banho quente, lençol lindo, friozinho e cobertor que amacia corpo cansado. Nada resolve. Quem sabe o que falta seja mesmo a vela pro anjo da guarda?

Preciso ler. Penso que é porque, ou estou fugindo, ou estou com sede de entender, digerir, e perceber o que de fora, e de dentro, sufoca. Me dê livros? Dê?

Eu quero que O Mundo de Sofia se foda. Mas o lerei. Que não sou mulher de não ir até o fim. Tem coisas das quais não dá pra fugir.

Ser fácil precisa, um dia, ser a única opção possível!

A voz no metrô diz qual será a próxima estação. Ela te dá duas opções: Descer ou seguir em frente. São suas únicas possibilidades. Não tem jeito. Não tem alternativa. Não tem pílula vermelha (eu acho). A minha opção será sempre seguir. Mesmo que eu não faça ideia de onde esse caminho vai parar.

Ontem me questionaram sobre estar bebendo muito café. "Por que você bebe tanto café?"

Porque é quente?!

Tenho uma máquina de café expresso que não sei ligar. Sapatos que não consigo usar. Dores pra curar e uma placa enorme pra pendurar na parede principal da minha sala:

EU SOU UMA FARSA!

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