Suco de coração ou o amor que zomba de você.

O que você consegue dizer sobre o amor?

Que é denso, tem pegada de homem de braço forte, ou mulher bem decidida. Que é fundo e nem jogando um pedrinha do alto do poço, não se escuta o barulho dela chegando ao fim. Que o amor lambe, cheira, chora, morde, estapeia o seu coração, seu corpo, suas verdades e os seus maiores anseios.

Que o amor combina com vodka, ou com morangos frescos (melhor os dois juntos), daqueles suculentos e bem vermelhos, cheios de lascívia e que te fazem imaginar coisas ardentes e deliciosas, como esfregar morangos no corpo todo de alguém, e depois, ah, nem sei o que vem depois!

Que o amor te deixa confusa, de calça arriada, e olhando o celular mil vezes ao dia pra ver se aquela bendita mensagem com a frase: "sinto sua falta ou estou com saudade", chega. E ela quase nunca chega, viu? Não se iluda.

Aliás, o amor é o mestre da ilusão. Ele usa capa e um chapéu, de onde tira coelhos e bichos fofos de olhos amigáveis e dentes afiados. E olha, ele não tem pena de você. O amor jamais terá pena de você. Ele vai te esfolar viva, te tirar o juízo, te arrebatar, fazer flutuar, gozar mil vezes em meio a juras eternas de felicidade, fidelidade e tudo o mais que se promete quando seu corpo não consegue mais te pertencer.

E depois disso, ele sairá por ai, sorrateiro, se sentindo vitorioso e certo da impunidade. Porque o amor sempre sai livre das armadilhas que arma, pra quem quer que seja. Ele fode a sua cabeça, arranca seu coração e tritura em pedacinhos, e depois vai ao cinema, ou senta em frente ao mar, afim de encontrar a próxima vítima. Porque ele é desses, tem sempre alguém no alvo.

O amor é sórdido, bonito demais, alto e moreno (tenho certeza), com aquela cor canela que é impossível resistir. Ele sabe dançar e te gira até que você perca o ar. E cheira tão bem. Ah, como o amor cheira bem. E esse cheiro fica em você até que você enlouqueça e faça esvair toda sanidade e razão.

O amor não sabe o que é razão. E eu também não. Porque a pedrinha não chegou ao fundo. E não prometi nada além do que posso dar. Ou talvez tenha. Não sei!