O que já é costume também machuca!


Não consigo mergulhar sem tampar o nariz. Isso, aliado ao fato de que não sei nadar com maestria, me torna um perigo para os outros, inclusive, pra mim.
E ao mergulhar naquela cachoeira de água congelante, a dor inexplicável que senti, me fez perceber que o que já é costume, também machuca.

O piercing de argolinha, que eu sempre quis usar por achar deliciosamente sexy, e que só tive coragem de colocar depois dos 40, foi mestre em me mostrar que é preciso atentar pro que esta em nós, mesmo sendo parte integrante, presente e perene.

E esse estar pode ser um buraco negro, um sonho antigo, uma picada de mosquito que não desinflama ou a saudade do que já se viveu, e ainda é falta. E olhar pra dentro pode desencadear uma infinidade de coisas, daquelas que você jamais imaginou que fossem acontecer. Porque ou te sacode, ou te machuca, ou te obrigada a lidar com o que você quer manter quietinho, embaixo daquela coberta empoeirada, que você mantém no cantinho escuro e seguro, aonde ninguém, além de você, consegue chegar.

Então, em um dia de semana qualquer, com uma chuva chatinha caindo lá fora, numa conversa despretensiosa, uma amiga olha pra você e diz: " não é ele, nem nunca foram eles. Sempre foi você e como você se sente ao se apaixonar".

E a sua ficha cai. E você percebe o que nunca tinha visto. E tudo muda, pra sempre!

Comentários

Postagens mais visitadas