Meu amor só é flor no teu jardim!

Foto: @cansocolorido

Eu poderia começar esse texto falando o seu apelido, ou a forma carinhosa da qual te chamava, caso a gente não tenha tido tempo de viver algo tão “grande” a ponto de surgir um nome particular e tão próprio, nosso. Mas eu quero começar dizendo que você foi importante. Que ter me ensinado a comer rúcula foi um presente tão maravilhoso, que até hoje, toda vez que como, lembro e agradeço, por isso.

Que ter me mostrado, naquele espaço cultural, o que era cadinho, encheu meu coração de uma alegria que você não faz ideia. Porque saber o que era cadinho se fez de uma forma tão poética, que era impossível não ver amor nos acasos da vida.

Quero dizer que ter sido a pior pessoa que poderia ter havido na minha vida, me fez ver o que eu não merecia, me fez crescer e me fez saber o que eu jamais posso aceitar viver, em nome do amor - ou da falta dele, que foi o que nos aconteceu.

Posso, também, te contar que o nosso sexo foi um dos melhores que tive. E que eu nunca esqueci que acordar de madrugada, de manhã, enfim, ter sempre você do lado, e sempre me querendo, era bom.

Olha, ter um cachorro, que era como um filho nosso, foi tão gostoso e tão divertido. Da mesma forma que te conhecer usando um terço no pescoço, coisa que você usa o tempo todo, foi estranho. Mas aprendi a respeitar e achar muito parte de você. Aliás, você é muito maluco, viu? E eu adoro cada maluquice nova, porque me traz a compreensão, cada vez mais forte, que o outro é um universo muito particular. E você, ah, sei lá em que planeta você vive.

Morar no seu abraço, e te ouvir dizendo que tudo o que você fazia por quem gostava era exatamente as coisas que eu fazia quando me apaixonava por alguém, me fez te dizer pra, quem sabe um dia, se apaixonar por mim. Porque eu tenho certeza de que a gente daria super certo. Tenho mesmo!

Eu chorei meses por você. Sonhava com você, queria a gente juntos. E durante anos, muitos anos, fiquei imaginando como você estaria. O que estaria fazendo e onde estaria vivendo. Até que um dia, encontrei sua ex esposa em uma rede social, e disse: “oi, eu era amiga de escola dele, diga que mandei um abraço, por favor”. E tive você de volta, longe, mas na minha vida. E que coisa boa é ter você na minha vida.

Mas me dizer que eu não tinha ambição, me causou uma dor e um choque tão grande, que anos depois, quando eu já tinha realizado tanto, e você estava no mesmo lugar, só agradeci por não estarmos juntos. Porque eu sei que você nunca foi de fato pra mim. Tem gente que não é, e queremos tanto o encaixe, que tentamos fazer dar. Nunca dá!

Quando você abriu a porta do carro pra eu entrar, eu perguntei se a sua estava quebrada. Porque não estava acostumada com essas gentilezas. E quando você me pegou no colo, eu nem relaxei, porque só tinha medo de estar pesada. De você não aguentar. Como de fato não aguentou, o amor que eu tinha pra te dar. E preciso te dizer, eu estou morrendo de saudades de você, menino que cheira a cachoeira.

Saber que você perdeu a carteira, de nervoso por me ver, quando nos encontramos por acaso em ponto de ônibus, foi uma das coisas mais fofas que eu soube de um ex amor. E não ter podido namorar você de verdade, causou uma dorzinha triste, mas daquelas que por aqui já era costume.

Obrigada por ter me levado ao show do Cordel, ao do Buena Vista, a ter me ajudado a realizar aquela fantasia louca e deliciosa que só poderia ter acontecido com você. Obrigada por tentar me ensinar a andar de skate e a me ouvir falar sem parar, que é coisa que faço com maestria. Obrigada por me dar livros, me mostrar as coisas que você gosta, dividir comigo o amor que você sente e não é correspondido. Obrigada pelo biscoito de limão, pela mão na mão, por dançar um sambinha agarradinho, ou segurar meu cabelo na hora de vomitar. Essa parte ai, eu agradeço mesmo.

Pra você, que fez parte, que é parte e que me ensinou tanto. Eu jamais seria quem sou sem você. Poderia ter chorado menos, claro. 

Mas poderia ter vivido tão menos, que tudo o que aprendi e sorri, fez valer.

Obrigada meu amor!